CURIOSIDADES SOBRE FÁBIO

 Sair do mercado não é o fim – Por Fábio Henrique

www.gogojob.com.br

03/08/09

Pode parecer estranho intitular o texto dizendo que a saída do mercado não é o fim da linha, principalmente por se tratar de um texto publicado em um site de empregos do mercado publicitário, mas farei um breve relato sobre a minha história recente.
Trabalhei por 8 anos em diversas agências da Paraíba. Sempre encarei a publicidade como um ofício prazeroso, onde a utopia de trabalhar realizando tudo aquilo que imaginamos na faculdade fosse enfim se concretizar. Aquele lado romântico de ter uma profissão “interessante”, onde o orgulho de se autodenominar “criativo” é mais do que um clichê repetido infinitamente, é quase um emblema.

Mas foi vivendo o dia-a-dia dentro das agências que me veio a sensação de querer algo a mais. Em dezembro de 2008, depois de muito ponderar, resolvi deixar a profissão de Diretor de Arte por alguns motivos familiares e pelo desgaste natural que esta função proporciona – desgaste esse que sempre me pareceu uma realidade um tanto quanto incômoda. Foi duro ter que admitir que somos reféns do mercado, respeitando (ou seria acatando?) a vontade do “dono”. No Nordeste, o mercado são os clientes, os jobs, imposições do dono.

Assumi a direção da corretora de seguros da família, a Fernando Seguros. De início, foi algo completamente diferente do que eu vivenciava como publicitário: escritório, secretária e gravata. Mas, depois, me dei conta de que poderia aplicar muito do meu conhecimento sobre publicidade, comunicação e até mesmo marketing, dentro da empresa. Encarei a tão temida mudança como algo positivo. Sim, a comunicação continuava a nortear meu cotidiano profissional. Eu não precisava estar dentro de uma agência para sentir isso. Descobri que o prazer em criar ultrapassava os ambientes de uma sala de criação.

O primeiro passo foi a mudança da logomarca da Fernando Seguros, atualizando e trazendo mais seriedade. Em seguida, um trabalho de fidelização dos clientes foi iniciado: aplicação de questionários rápidos de satisfação, além de envio de cartões em datas comemorativas. Ações simples e de baixo custo, mas bastante eficazes. Também foram implantadas algumas técnicas de vendas, através de treinamentos internos. Em poucos meses essas pequenas modificações resultaram em mudanças muito positivas dentro da empresa. Agora eu estava dos dois lados: criando e vendo o resultado disso, pondo em prática tudo que aprendi nesses anos como publicitário.
Algumas coisas só foram possíveis de serem realizadas pela experiência que o mercado publicitário me trouxe. Ensinamentos que só com o tempo e com as dificuldades pude aprender. Em várias agências que trabalhei, tinha aulas diárias de como não se administrar um negócio. Em alguns casos, os donos são apenas “criativos” ou “atendimentos”, pensando apenas em formas de trazer mais clientes pra dentro de casa e deixando de lado a parte administrativa. Em outros casos, os proprietários são apenas “empresários”, sem pensar no perfil criativo da agência, apenas no lucro que aquela campanha vai gerar. Minha satisfação tem sido dupla: criativamente e financeiramente.

Acredito que, mesmo com toda dificuldade do nosso mercado, é possível aprender, é possível se destacar e, principalmente, é possível reter conhecimento para aplicar em outras áreas. Isso é um conselho para todos aqueles que têm vontade de dar um passo diferente. Não digo melhor ou pior, mas diferente mesmo, já que a realização vem de cada um.

Descobri que sou publicitário no momento em que saí da agência e assumi esse novo negócio. Não porque fui um profissional frustrado. Pelo contrário. Mas por descobrir que a comunicação está em todo lugar, e disso eu entendo. Apenas mudei de endereço.
Sair do mercado não é o fim. Pode ser o começo. Ou, melhor ainda, o re-começo.



Fábio Henrique, diretor de arte, é diretor de novos negócios e marketing da Fernando Seguros (João Pessoa-PB).





Paraíba, Domingo, 29 de Junho de 2008
CONCURSOS

"Dança das cadeiras" abre vagas no mercado


Por: MARINA MAGALHÃES



DISPUTADO - O publicitário Fábio Henrique Oliveira, de 27 anos, faz parte dessa nova geração. Em oito anos de experiência no mercado, ele já passou por seis agências


É a “dança das cadeiras” do mercado de trabalho. O profissional contratado hoje por determinada empresa pode estar em outro segmento ou até mesmo na concorrência em menos de um ano. A cultura do entra e sai de candidatos conhecida pelos especialistas como turn-over veio para quebrar a chamada “Era do Gelo”, marcada por profissionais que se orgulhavam de dedicar duas ou mais décadas de serviço a uma mesma empresa ou função. Com o aquecimento da economia e a chegada da “Era da Informação”, essa prática ficou no passado, dando lugar à busca constante por novos conhecimentos e desafios profissionais.

O publicitário Fábio Henrique Oliveira, de 27 anos, faz parte dessa nova geração. Em oito anos de experiência no mercado, ele já passou por seis agências de publicidade e garante que o fenômeno é comum no meio em que atua.

“Comecei montando a minha própria agência logo que entrei na faculdade. Quando a sociedade se desfez, três anos depois, fui contratado pela Dádiva, na qual passei quatro meses; em seguida recebi o convite da Zag, onde fiquei por um ano e meio, e outro da Trampolim, onde trabalhei por seis meses”, lembra Fábio Henrique. “Ainda atuei oito meses na Ponto D, mas desde março estou trabalhando na Erê Publicidade”, acrescenta.
O diretor de arte explica que o troca-troca de profissionais nas agências, principalmente na função que ele exerce, já se tornou uma característica do mercado. “Na área de direção de arte, que ainda é carente de profissionais capacitados, as agências estão sempre entrando em contato com os funcionários de outras empresas, fazendo propostas e oferecendo benefícios”, explica Fábio Oliveira. “Cabe ao profissional escolher a melhor oferta. No meu caso, tanto a proposta financeira quanto o perfil criativo das agências e a possibilidade de crescimento dentro das empresas pesaram na decisão”.
Para José Louis Essabá, especialista em recursos humanos da E-hunter, a nova geração que chega ao mercado quer resultados rápidos e desafios, sem se prender apenas à carreira, e sim à motivação. “As pessoas não estão mais preocupadas apenas com dinheiro e sucesso. Hoje elas querem liberdade, tempo livre, espaço para criatividade, autonomia e ambientes amigáveis, já que é uma geração que trabalha em grupo”, garante o consultor. “Essa mudança constante de empregos faz parte da busca pela valorização e crescimento profissional”.
Outro ponto importante destacado por Fábio Henrique é a sede por conhecimento. “Em cada agência que passei, somei novos aprendizados na bagagem. E não há salário nenhum que cubra isso”.

Mudanças devem ser feitas com cautela

Mesmo com a chuva de propostas, desafios e oportunidades, José Louis Essabá adverte que é importante ter cautela na hora de mudar mais uma vez de emprego. “As empresas não fogem desse tipo de profissional, mas tudo deve ocorrer com muito bom senso e, por isso, eles não podem demonstrar instabilidade. Nessa Era da Informação, as pessoas querem crescer e se conhecer”, explica o especialista.

Essabá relata que a reengenharia nas equipes muitas vezes parte das próprias empresas, que acabam valorizando os profissionais dentro dessa visão. “Embora reconheçam o valor dos funcionários que têm internamente, elas sabem que a chegada de um profissional de fora sempre traz novos ares, principalmente se ele tiver experiência”, justifica. “Como a exigência por capacitação aumenta a todo instante, os profissionais são instigados a aprimorarem suas habilidades e quando o empresário não enxerga isso em sua equipe, busca externamente”.

O publicitário Fábio Oliveira conta que tanta mudança de emprego até chegou a gerar preocupação na família. “Sempre que eu chegava em casa com uma nova proposta, meu pai brincava dizendo que ‘ou eu era muito ruim, ou era muito bom’, já que não passava mais de dois anos em emprego nenhum”, relata. “Para quem é de fora do mercado, fica difícil entender esse movimento, mas quem está dentro dele sabe que isso acontece demais. Até mesmo pela falta de profissionais, uma deficiência dos cursos superiores que formam os estudantes sem um direcionamento preciso para a carreira que vão seguir”, conclui.



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